Informativo n° 7/2016

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Informativo n°7 – 16/12/2015

Fim de barreiras tributárias na Argentina facilita comércio com Brasil

Recém-chegado à Casa Rosada, sede do governo da Argentina, Mauricio Macri anunciou uma série de medidas para liberalizar o comércio internacional do país -inclusive restrições burocráticas muito criticadas por industriais brasileiros.
O novo presidente eliminou impostos, criados em 2012, que encareciam as exportações de produtos industriais e agropecuários, e avisou que pretende levantar, ainda nesta semana, o cerco ao dólar, que limita as compras no exterior e as despesas em moeda estrangeira.
O alento chega em um momento de baixa do comércio exterior do pais vizinho, que sofre com a queda do preço das matérias-primas e a recessão no Brasil, seu principal mercado.
Com o fim dos impostos, Macri quer resolver um dos problemas mais urgentes da economia local neste momento: a escassez de dólares.
Quer, ainda, ganhar a confiança de investidores estrangeiros, para que voltem ao país e tragam dinheiro para tirar a economia do atual estancamento.

LIBERAÇÃO
O ministro da produção, Francisco Cabrera, afirmou que as barreiras burocráticas levantadas para impedir a entrada de importados, as DJAI (Declaração Jurada de Autorização à Importação) perderão a validade em 31 de dezembro, como pactado com a OMC (Organização Mundial do Comércio).
As barreiras, criadas no governo Cristina Kirchner, eram criticadas pelos exportadores brasileiros, que viam na medida um escudo protecionista para dificultar a entrada de produtos no país vizinho.
A limitação às compras no exterior prejudicou a atividade de empresas que precisam importar peças para produzir, como as montadores de automóveis, o que abateu a economia.
Mas se a liberação atende a essas companhias, coloca em alerta outra parte do setor produtivo, que teme a concorrência dos importados após anos de protecionismo.
A última e mais difícil etapa de reabertura é acabar com o cerco ao dólar, limitações impostas em 2012 que restringem o pagamento de operações de comércio exterior.
Transição na Argentina
Para retirar essas restrições, o país tem que, antes, ter dólares em caixa para fazer frente à demanda que surgirá, sob pena de sofrer uma escalada da moeda americana.
Macri adiantou aos empresários que pretende levantar o cerco ainda nesta semana e disse que tem recebido apoio internacional.
“É impressionante o número de ligações que recebi com promessas de cooperação de países e de instituições financeiras”, disse.
O presidente, porém, indicou que não tolerará aumentos de preços na esteira de uma esperada alta do dólar: “Temos os instrumentos necessários para corrigir qualquer abuso em termos de preços”.
Fonte: Folha de SP (15/12/2015)

BC dos EUA acentua crise emergente, diz economista de banco suiço

O Federal Reserve (BC dos EUA) deve elevar os juros nesta quarta (16), ação que derrubará ainda mais os preços de commodities, afetando países emergentes como o Brasil. A avaliação é de Janwillen Acket, economista-chefe do banco suíço Julius Bär, o maior gestor de fortunas independente do mundo.
Para ele, o grande desafio da economia global nos próximos anos será lidar com a deflação, que decorre de um descompasso entre a demanda e uma superoferta de produtos. O economista vê uma desaceleração geral nos países emergentes, que chama de “estrelas cadentes” em contraposição à euforia dos anos anteriores. Para 2016, a previsão dele é que a China cresça só 5,7% e o Brasil encolha 2,5%. Leia a entrevista.

Folha – Por que os emergentes são agora estrelas cadentes?
Janwillen Acket – São países que vão crescer menos. Estão reativando suas economias e precisam de reformas e de reestruturação. A China, que tenta se voltar para o mercado interno, não conseguirá crescer 6,5% como promete; é muito ambicioso. A Índia está melhor, com crescimento de 7%. Infelizmente, Brasil, Rússia e Turquia estão em uma grande encrenca. O México tem a sorte de se beneficiar do vizinho EUA.

A crise política torna o Brasil ainda mais vulnerável?
O Brasil está numa recessão profunda, com inflação alta e juros altíssimos. O ajuste terá de ser cada vez maior em termos de reformas. E isso será penoso.
Tenho grande admiração pelo trabalho que vocês estão fazendo contra a corrupção. Estão tentando limpar a bagunça, de forma democrática, sem chamar um ditador. Tomar decisões de forma democrática leva tempo. O Brasil conseguiu colocar muitas pessoas na classe média; agora elas têm demandas que não podem ser satisfeitas facilmente. Daí vem a insatisfação. Se vocês continuarem trabalhando uns contra os outros, não haverá melhora. O Brasil hoje parece com o da seleção na última Copa. Tem vários jogadores excepcionais, mas que não jogam bem em conjunto.

Por que a alta de juros nos EUA pode piorar a situação?
Serão menos dólares entrando nos mercados globais. Depreciará o preço das commodities. Muitas dessas economias são altamente dependentes da exportação de matérias-primas e vivemos um colapso nos preços.

O que deveria fazer o Fed?
A recuperação dos EUA tem problemas estruturais e não justifica alta nos juros. O Fed se colocou numa obrigação; se não subir a taxa, vão dizer que não tem confiança na continuidade da recuperação americana. Se o Fed subir os juros e parar, o dólar vai depreciar, e o euro, subir. O BC europeu tem mantido o euro artificialmente barato, a custas de muito estímulo financeiro, para os europeus exportarem agressivamente. Essa liquidez imensa provoca uma alocação equivocada de recursos que não reflete a economia real. Mantém baixos os preços em uma parte do mundo e leva a inflação a outra parte. A falta de reformas está matando as

moedas desses países e obrigando os BCs a manterem juros muito altos. É um ciclo vicioso.

Como sair dessa armadilha?
Os governos vão ter que ficar cada vez mais austeros. Não faz sentido preencher a queda n demanda com gastos públicos. O que precisamos é de demanda privada e isso só pode ocorrer com redução de impostoscomo ocorreu nos Estados Unidos, na época do governo Ronald Reagan [que presidiu de 1981 a 1989]. Eles aumentaram os gastos militares, os juros subiram, houve aperto no crédito, mas depois cortaram impostos. Os frutos foram colhidos muitos anos depois, no governo Bill Clinton [1993 a 2001]. Não há condições políticas na maior parte do mundo para fazer isso. O preço será uma nova crise mundial daqui uns quatro ou cinco anos.
Fonte: Folha de SP